
Assistimos ao filme depois de muitas expectativas, até porque tinha muitas pontas soltas de como iriam conectar essas histórias, umas vez que temos o Sr. Han ( Jackie Chan) e Daniel LaRusso (Ralph Macchio) com histórias e universos diferentes. Sempre que eu vou com essa expectativa alta, muitas das vezes eu acabo saindo decepcionada, mas dessa vez foi diferente, e vou te dizer o porquê.
Já digo que esse artigo pode conter spoilers!
Primeiro, o filme começa já conectando as duas histórias do Karate Kid de Jackie Chan de 2010, com a grande e primeira franquia de Karate Kid com Daniel San e Sr. Miyagi (Pat Morita). Originalmente, acredito eu, que o Karate Kid de 2010 era pra ser mais um remake. Claro que com personagens e ambientes diferentes, mas a história é basicamente a mesma. Eles conectaram de uma maneira um pouco forçada, respirei fundo e deixei a história me levar.

A história começa em Beijing, numa escola de kung fu do próprio Sr. Han, e temos as referências do filme de 2010 do famoso “Tira casaco, bota casaco”, que virou um método de ensino dele. E ja temos a apresentação do personagem protagonista dessa história que é o Li Fong, interpretado pelo Ben Wang.
Assim começa a mesma história que todos nós ja conhecemos e muito: um jovem que tem que se mudar e se adaptar a um novo local enfrentando o bullying, se envolvendo como uma garota e tendo a arte marcial como sua grande aliada nessa saga. Nessa história, Li Fong já tem conhecimento em artes marciais, no caso kung fu, que ele treinou com o Sr. Han. Ele vai para Nova Iorque com a sua mãe e lá ele conhece Mia (Sadie Stanley) e seu pai Victor (Joshua Jackson).
O que me chamou a atenção nesse filme é que, apesar de você ter a presença de dois grandes nomes que é Jackie Chan e o Ralph Macchio, o tempo de tela deles é bem pequeno comparado ao do protagonista interpretado pelo Ben Wang. Apesar de sentir que a história tem suas semelhanças com os outros filmes, você consegue enxergar uma nova história que é o próprio conflito do protagonista, dele como artista marcial, e também em uma nova situação que é ele como mestre.

Nessa história, Li Fong vira amigo de Victor que é o dono de uma Pizzaria, antigo lutador de boxe e deve dinheiro. E a partir do momento que Li Fong o ajuda a lutar contra os cobradores dessa dívida, acaba recebendo um pedido de Victor para treiná-lo e vencer um torneio de Boxe para pagar suas dívidas. Assim como todo filme de arte marcial, temos as cenas de treinamento que eu achei mais sofisticadas e mais realistas do que “tirar o casaco” ou “pintar a cerca”.
Um dos pontos importantes, para nós principalmente, são as cenas de luta. São impecáveis. Já na primeira luta de Li Fong eu vi claramente o estilo do Jackie Chan ali, utilizando objetos da cena na luta e as esquivas bem características dele. Com toda a certeza o Jackie Chan teve uma grande participação na coreografia dessas lutas. Isso é um ponto extremamente positivo porque, se pegamos as lutas da série Cobra Kai, elas não chegam nem aos pés desse filme. Sem contar que o ator Ben Wang é muito bom, foi uma ótima escolha tanto quanto artista marcial como ator, ele tem muito carisma.
Agora vamos falar sobre a participação dos astros das sagas, coloco no plural porque pra mim foram dois universos. Eu acho que o filme é muito mais do Jackie Chan do que Ralph Macchio. Falo isso pelo tempo de tela, o Ralph Macchio aparece bem menos do que o Jackie Chan que aparece do começo até o fim. Acredito que seja por conta da relação dele com o próprio Li Fong. Eu senti isso no cinema, porque tinham pessoas da geração Cobra Kai que estranharam a ausência do Daniel-san, e quando ele apareceu ficaram mais aliviados.
Achei isso um ponto positivo e negativo ao mesmo tempo, porque estamos lidando com duas gerações. As pessoas dessa geração vão muito pelo Cobra Kai (Netflix), e podem se frustrar um pouco com o filme por estar meio distante da série e, provavelmente essas pessoas não assistiram ao filme de 2010, e nem conhecem o trabalho Jackie Chan. Por outro lado, temos a geração que conhece o Jackie Chan e sabem do sucesso dos filmes dele dos anos 80 e 90 e também é a mesma geração do primeiro filme de Karate Kid. Esse é o grande lado positivo porque ele consegue unir duas gerações que curtem artes marciais e essa saga. Acredito que Cobra Kai já fez essa junção mas colocar o Jackie Chan é atrair um público mais nichado.

Voltando ao filme, Daniel LaRusso aparece porque Li Fong precisa participar de um campeonato de rua, digamos assim, para ajudar seu amigo Victor a pagar suas dívidas, e também lutar com seu rival no filme que é lutador de karate e, por isso, ele precisa aprender a luta. Nessa hora achei estranho, porque não ficou muito claro para mim que era um campeonato de Karate, ainda mais porque o estilo de lutar do Li Fong estava bem mesclado. Enfim, Sr. Han vai atrás do Daniel, para que ele ensine Li Fong a lutar. Nessa hora achei bem legal os treinamentos com visões diferentes de técnicas.
Nessa hora achei tudo muito rápido. De repente Li Fong tem que lutar, as cenas de treinamento são rápidas, já vem o campeonato e o filme acaba! Nessa hora, a minha reação foi: “mas já?”. Eu fiquei com aquele “gostinho de quero mais”. Acho que por isso tive a sensação que Ralph Macchio apareceu pouco.
Mas, no geral, o filme é muito bom, é nostálgico pelos atores e pelas pequenas referências que o filme traz. Ao mesmo tempo é uma trama que envolve porque ele sai um pouco do óbvio da franquia e traz novos conflitos. Fora as lutas que são muito boas e essa puxada para o lado do kung fu me cativou muito (risos). Não sei se terá continuações, o filme se resolve e não deixa pontas soltas. E espero que eles não repitam o mesmo erro que fizeram na última temporada de Cobra Kai, de tentar fazer um filme colocando elementos que não tem nada a ver com a história.
Para quem ainda não viu o filme segue o trailer para ficarem com vontade de assistir.