Assistimos a segunda temporada de Warrior, e para ser bem franca eu demorei um pouquinho pra engatar nessa temporada, e eu vou te explicar o porquê.
Mas antes, já vou deixar bem claro que pode ser que contenha alguns Spoilers, então se não assistiu e não se importar, boa leitura!
Por que eu demorei um pouco para entrar na história? Bom, essa temporada vem um pouquinho mais densa, explorando um pouco mais alguns personagens e focando bastante em duas questões: de um lado os Hop Wei atrás de um ópio mais barato e de outro os Long Zii atrás de aumentar uma certa influência e fazer novas alianças. Logicamente uma Tong visando acabar com a outra. Mas esse processo pra mim foi meio arrastado, muito diálogo e negociação, para mim esse processo podia ser mais dinâmico.
Sobre o aprofundamento de personagens, alguns ganharam muito espaço na série: Ah Toy, Penny Blake, Dan Leary, Bill O’Hara.
Ah Toy (Olivia Cheng), a dona do bordel de Chinatown, vem com uma força absurda, principalmente se mostrando como uma justiceira em favor dos chineses, é claro, ao lado de Ah Sahm(Andrew Koji), com quem aprofunda mais a relação nessa temporada. Ela também acaba se envolvendo com uma nova personagem, a Nellie Davenport (Miranda Raison), que a ajuda nas questões de resgate de mulheres chinesas, que eram escravas sexuais nos EUA. A personagem de Nellie foi inspirada em Donaldina Cameron que combateu o tráfico de mulheres chinesas. Quem se interessar e quiser se aprofundar mais na história tem um artigo interessante sobre o assunto aqui.
Já Penny Blake(Joanna Vanderham) vem bem diferente da primeira temporada, de uma moça vulnerável para uma mais durona, cheia de responsabilidades depois de assumir a fábrica do seu falecido pai. Essa carga aumenta diante de conflitos com seu próprio marido, o prefeito Samuel Blake (Christian Mckay), principalmente em assuntos sobre a mão de obra Chinesa.
Dan Leary (Dean S. Jagger) ganha destaque no combate à mão de obra chinesa. Ele vai queimando fábricas que compactuam com isso, na intenção de tentar favorecer a mão de obra do povo irlandês. Ele acaba se relacionando com a irmã de Penny, Sophie Mercer (Céline Buckens), mas essa relação acaba tumultuando bastante os rumos da trama. O mais interessante que Dan se coloca no final da segunda temporada como representante do Partido dos trabalhadores da California, fazendo uma grande alusão a um ativista importante anti-chinês, Denis Kearney. Um artigo muito legal sobre essa história você encontra aqui.
Já o policial O’Hara (Kieran Bew) é outro que acaba manipulando e tumultuando a trama, é um personagem que dá um pouco de raiva, ainda mais que ele acaba se enrolando com os chineses e nessa temporada ele acaba usando da força policial para limpar a bagunça que ele fez. O’Hara entra num grande conflito com o seu parceiro de trabalho, Richard Lee (Tom Weston Jones), uma vez que Lee vai descobrindo todas as tramas de seu parceiro.
No quesito ação, essa série não deixa a desejar. As cenas de luta, principalmente protagonizadas por Ah Sahm, são excepcionais. E claro uma luta ou outra você consegue perceber um toque de Bruce Lee nos seus movimentos.
Um personagem que ganhou destaque, principalmente nas lutas, foi o Hong (Chen Tang). Ele se juntou ao elenco nessa segunda temporada para se integrar a Tong dos Hop Wei. No começo confesso que “não botava muita fé” no personagem, ele é um pouco esquisito e evasivo, mas quando ele começou a lutar eu fiquei realmente impressionada com as habilidades dele.
Sem dúvida nenhuma o penúltimo episódio, “Enter the Dragon”, é o melhor dessa temporada. Tem muita luta, muito sangue, e ele retrata um período histórico sobre o massacre em Chinatown, logicamente ele não é fiel aos fatos, mas ele traz uma realidade que aconteceu mais de uma vez nessa época de imigração chinesa nos EUA. Outro artigo interessante sobre o assunto para quem tiver interesse, você encontra aqui.
Nesse episódio sem dúvidas Ah Sahm foi coroado como Bruce Lee na série, principalmente na luta com o nunchaku, onde ele reproduz todos os trejeitos da lenda das artes marciais.
No geral, a série é sim muito boa, apesar de alguns deslizes eu acho que ela merece sim uma continuação, não só pelas cenas de luta, mas também pelo seu contexto histórico. Por parte do Cinemax não tem mais continuação, mesmo a série deixando alguns ganchos para uma possível terceira temporada, mas por mudanças estratégicas e não por falta de audiência. Mas com a ida da série para a HBO Max, a produtora executiva Shannon Lee, mantêm uma certa esperança de continuação, como ela fala em entrevista ao site Den of Geek:
Estamos em tempos incertos, mas eu espero que assim que a 2ª temporada for concluída no Cinemax, eles irão lançá-lo para as plataformas da HBO e eu espero que o programa alcance um público muito maior e que haja demandas para uma terceira temporada.
O Ator Andrew Koji também concorda:
Bem, obviamente, com o clima atual, é muito menos certo, tudo o que sabemos é se os fãs fazem barulho o suficiente e nos ajudam fazendo aquele barulho, isso está em nossas intenções de encerrar esse show como eu acho que deveria. Não apenas para o show, a história, para os fãs, mas para a lenda Bruce Lee. Acho que merece um final conclusivo.
O que nos resta é torcer para que a série continue! Atualmente série pode ser vista aqui no Brasil no canal HBO Extreme ou no aplicativo HBO GO.